A mineração brasileira entra em 2026 embalada por resultados robustos e projeções otimistas. No primeiro semestre de 2025, por exemplo, o setor faturou R$ 139,2 bilhões, um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior e gerou mais de cinco mil empregos diretos. 

Esses números, de acordo com Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), demonstram a robustez do segmento mineral brasileiro, que segue crescendo e gerando oportunidades de trabalho, mesmo diante dos desafios globais

Com esse dinamismo, as expectativas para 2026 são amplamente positivas, sustentadas por um cenário de investimentos crescentes, demanda global em alta e iniciativas que visam modernizar e tornar a mineração mais sustentável.

Onda de investimentos e expansão histórica na mineração brasileira

Analistas e executivos da indústria apontam que a mineração do Brasil vive o início de um ciclo de expansão sem precedentes, impulsionado por grandes aportes financeiros. “Uma gigantesca onda de investimentos, já iniciada, colocará o setor em um ritmo frenético de expansão nos próximos anos”, escreve Ivan Pereira, presidente da Minerion, empresa de tecnologia em gestão minerária. Segundo Pereira, esta deverá ser “uma fase histórica de crescimento, consolidando o País como um dos maiores fornecedores globais dos minerais necessários para a transição tecnológica e energética”

Estimativas indicam que os investimentos no setor podem alcançar cifras extraordinárias. O ex-ministro da economia Joaquim Levy calcula um montante de R$ 2 trilhões em investimentos ao longo da próxima década

Para se ter ideia do que já está em curso, somente em outubro passado foram anunciados novos projetos: R$ 1,66 bilhão em terras-raras (Meteoric Resources, em Minas Gerais), R$ 1,5 bilhão em uma nova mina de ferro (Itaminas), R$ 1,45 bilhão em operação de lítio (Lithium Ionic) e R$ 1,35 bilhão em outro projeto de terras-raras (Viridis). 

Os números impressionam e apontam para um novo mundo de oportunidades para o setor e para o país, que já figura entre os principais fornecedores globais de minérios, abrigando em seu território vastas reservas minerais de quase toda a tabela periódica.

Essa expansão de investimentos deve alavancar não apenas a produção, mas também receitas e empregos. Há capital abundante sendo direcionado para novos projetos e expansão de minas existentes, um sinal claro de confiança no potencial da mineração brasileira nos próximos anos.

Minerais críticos no Brasil e a demanda global em alta

Um dos motores dessa onda de oportunidades é a demanda global por minerais críticos associados à transição energética e à alta tecnologia. O mundo caminha para fontes de energia mais limpas, veículos elétricos, baterias de longa duração, energias renováveis e isso elevou drasticamente a procura por elementos como lítio, níquel, cobre, grafite, cobalto e terras raras. O Brasil desponta com vantagem nesse cenário. 

“Produzimos 13 dos 17 minerais críticos demandados pelas principais fontes de energia limpa, o que nos coloca em posição privilegiada para liderar a transição energética,” afirmou Raul Jungmann. Países como Estados Unidos, China e membros da União Europeia já monitoram de perto a evolução do setor mineral no Brasil, de olho em matérias-primas estratégicas para suas cadeias produtivas.

A busca por esses minerais coloca projetos brasileiros no radar de investidores internacionais e abre espaço para parcerias globais. Lítio e terras-raras, em particular, tornaram-se “a bola da vez no mundo da mineração”. Empresas nacionais e estrangeiras estão anunciando empreendimentos nessas áreas, cientes de que a transição tecnológica mundial depende em boa medida do que o subsolo brasileiro pode oferecer. 

Com uma diretriz estratégica e segurança jurídica, espera-se atrair ainda mais investimentos e posicionar o Brasil como fornecedor global confiável desses insumos críticos.

Impacto econômico e geração de oportunidades na indústria mineral brasileira

O salto da mineração refletirá positivamente na economia brasileira de diversas formas. A mineração hoje já responde por cerca de 4% do PIB brasileiro, participação significativa que pode crescer ainda mais com os novos projetos. A projeção é de aumento nas exportações minerais, ampliando a contribuição do setor na balança comercial. Em 2026, essa tendência deve se acentuar: minerais como lítio, nióbio, cobre e terras raras tendem a representar fatias maiores das vendas externas, reduzindo a dependência do ferro e agregando valor à pauta exportadora.

Além das exportações, há ganhos internos. Novos projetos podem gerar milhares de empregos diretos e indiretos. A cadeia da mineração envolve desde a pesquisa geológica, passando pela construção de minas, até transporte e transformação mineral; cada nova mina traz consigo um ecossistema de oportunidades em sua região. Estados mineradores tradicionais, como Minas Gerais e Pará, devem continuar liderando a produção, mas outros estados como Bahia, Goiás e Mato Grosso vêm apresentando fortes crescimentos e podem despontar como novas fronteiras minerais.

Também é esperado um aumento na arrecadação de tributos e royalties. Em 2024, o setor mineral recolheu aproximadamente R$ 7 bilhões em CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), montante que tende a subir conforme novas minas entrarem em operação e a produção se expandir. Esses recursos beneficiam estados e municípios, podendo ser revertidos em infraestrutura, educação e saúde nas regiões mineradoras. Ou seja, as oportunidades na mineração não se limitam às empresas do setor, mas irradiam para a sociedade em forma de empregos, renda e investimentos públicos.

Inovação, gestão e ESG na mineração: pilares para aproveitar o momento

Diante de perspectivas tão promissoras, surge a pergunta central: como, na prática, aproveitar as oportunidades que 2026 oferece na mineração? Parte da resposta está em inovação, boa gestão e sustentabilidade. Com um ambiente cada vez mais exigente, as mineradoras precisam modernizar processos e adotar práticas de classe mundial para serem competitivas e atender às demandas da sociedade.

Na prática, isso significa investir em tecnologia e transformação digital, desde softwares especializados de gestão e monitoramento em tempo real das operações, até uso de inteligência artificial para otimização de processos. Soluções inovadoras permitem às mineradoras aumentar a eficiência, reduzir custos e, crucialmente, prevenir riscos ambientais e de segurança. Assim, empresas que adotam sistemas modernos conseguem não apenas cumprir com rigor as obrigações legais e socioambientais, mas também otimizar sua produção e planejar expansões de forma sustentável.

A pauta ESG (ambiental, social e governança) se tornou central. Incidentes do passado reforçam que crescimento sem responsabilidade pode acarretar graves consequências. Portanto, para aproveitar plenamente o boom da mineração, é fundamental consolidar práticas sustentáveis e de governança. Isso inclui garantir a segurança de barragens, minimizar impactos ambientais, dialogar com comunidades locais e buscar a licença social para operar.

Concept or composition of World Population day

Felizmente, a pressão da sociedade e do mercado financeiro por mineração limpa tende a beneficiar quem fizer o dever de casa: projetos com sólidas credenciais socioambientais terão acesso mais fácil a capital e poderão vender seus produtos com melhor valorização no mercado internacional. Ou seja, as mineradoras brasileiras que investirem em inovação tecnológica e gestão responsável estarão mais preparadas a surfarem na onda de crescimento de 2026, colhendo frutos a longo prazo.

Apoio institucional e visão de longo prazo

Outro aspecto para potencializar as oportunidades em 2026 é contar com apoio institucional e planejamento estratégico setorial. O governo brasileiro e entidades de classe vêm sinalizando compromisso em criar um ambiente favorável ao desenvolvimento mineral sustentável. A já mencionada Política Nacional de Minerais Críticos é um exemplo de iniciativa que dará diretrizes claras e segurança jurídica aos investidores. 

Vale lembrar que 2025 traz ao Brasil a COP30 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Belém, PA), colocando em evidência mundial temas de sustentabilidade. A mineração brasileira quer chegar a esse momento mostrando progresso em inovação verde. Há uma compreensão crescente de que a mineração pode e deve andar de mãos dadas com a agenda climática. 

A mineração brasileira está se preparando para um 2026 promissor

Todos os indicadores apontam que 2026 será um ano de grandes oportunidades para a mineração brasileira. A combinação de investimentos recordes, demanda internacional aquecida e apoio institucional cria um cenário propício a um salto de crescimento. Aproveitar esse momento, porém, requer visão e preparo. 

Empresas do setor devem continuar aprimorando-se em tecnologia e gestão, enquanto poder público e sociedade civil mantêm o foco em sustentabilidade e inovação. Em outras palavras, ao equilibrar expansão econômica com responsabilidade socioambiental, o Brasil pode não apenas surfar a nova onda mineral em 2026, mas liderar um modelo de mineração inteligente e sustentável para as próximas décadas.

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